VOTO NÃO
TEM PREÇO, TEM CONSEQUÊNCIA
MENSAGEM
ESPECIAL SOBRE AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DESTE ANO
A Igreja Católica no Brasil orienta
para que seus fiéis estejam atentos aos valores que definem o perfil de seus
candidatos.
Estes devem ter seu histórico de coerência
de vida e discurso autentico, referendados pela honestidade, competência,
transparência e vontade de servir ao bem comum. Os valores éticos devem ser o
farol de uma vida honesta e digna
A política é uma das forças mais
sublimes do exercício da caridade, do amor. O político verdadeiro é aquele que
se coloca 24 horas por dia a serviço da bem comum não aquele que faz da
política um meio de se enriquecer, de apenas atender o interesse de seus
grupos, exercendo uma política fisiológica e corporativista, mas aquele que
pensa no bem da sociedade, especialmente dos mais pobres e necessitados
NOTA NA ÍNTEGRA DA CNBB
1. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), reunida em
sua 50ª Assembléia Geral, em Aparecida - SP, de 18 a 26 de abril de 2012, saúda
a população brasileira, em sintonia com os importantes acontecimentos que
marcam o país neste ano, especialmente as eleições municipais no próximo mês de
outubro.
2. Expressão de participação democrática, as eleições motivam-nos
a dizer uma palavra que ilumine e ajude nossas comunidades eclesiais e todos os
eleitores, chamados a exercerem um de seus mais expressivos deveres de cidadão,
que é o voto livre e consciente.
3. Inspira-nos a palavra do papa Bento XVI ao afirmar que a
sociedade justa, sonhada por todos, "deve ser realizada pela
política" e que a Igreja "não pode nem deve ficar à margem na luta
pela justiça" (Deus Caritas Est 28).
4. Para o cristão, participar do processo político-eleitoral,
impulsionado pela fé, é tornar presente a ação do Espírito, que aponta o
caminho a partir dos sinais dos tempos e inspira os que se comprometem
coma construção da justiça e da paz.
5. As eleições municipais têm uma característica própria em
relação às demais por colocar em disputa os projetos que discutem sobre os
problemas mais próximos do povo: educação, saúde, segurança, trabalho,
transporte, moradia, ecologia, lazer.
6. Trata-se de um processo eleitoral com maior participação da
população porque os candidatos são mais visíveis no cotidiano da vida dos
eleitores.
7. A sua importância é proporcional ao poder que a Constituição de
1988 assegura aos municípios na execução das políticas públicas.
8. Nos municípios, manifestam-se também as crises que o mundo
atravessa, incluindo a própria democracia.
9. Isso torna ainda mais importante a missão de votar bem, ficando
claro para o eleitor que seu voto, embora seja gesto pessoal e intransferível,
tem conseqüências para a vida do povo e para o futuro do País.
10. As eleições são, portanto, momento propício para que se
invista, coletivamente, na construção da cidadania, solidificando a cultura da
participação e os valores que definem o perfil ideal dos candidatos.
11. Estes devem ter seu histórico de coerência de vida e discurso
político referendados pela honestidade, competência, transparência e vontade de
servir ao bem comum. Os valores éticos devem ser o farol a orientar os eleitos,
em contínuo diálogo entre o poder local e suas comunidades.
12. Ajuda-nos nesta tarefa instrumentos como as Leis de iniciativa
popular 9.840/1999, contra a corrupção eleitoral e a compra de votos, e
135/2010, conhecida como Lei da Ficha Limpa, cuja constitucionalidade foi
confirmada pelo Supremo Tribunal federal.
13. Aos eleitores cabe ficarem de olhos abertos para a ficha dos
candidatos e espera-se da sociedade a mobilização, como já ocorre em vários
lugares, explicitando a necessidade de a "Ficha Limpa" ser aplicada
também aos cargos comissionados para maior consolidação da democracia. Desta
forma, dá se importante passo para colocar fim à corrupção, que ainda
envergonha o nosso país.
14.6 O exercício da cidadania, no entanto, não se esgota no voto.
É dever, especialmente de quem vota, a co-responsabilidade na gestação de
uma nova civilização, fundamentada na defesa incondicional da vida, desde a
fecundação até a morte natural; na promoção do desenvolvimento sustentável,
possibilitando a justiça social e a preservação do planeta.
15. A educação para a cidadania é processo permanente. Para ela
contribuem as Escolas e Grupos de Fé e Política que se multiplicam pelas
dioceses do Brasil, além das variadas publicações de conscientização política.
16. Entre estas, recordamos o Documento 91 da CNBB - Por um
reforma do Estado com Participação Democrática e a Cartilha Eleições Municipais
2012: Cidadania para a Democracia, elaborada por organismos da CNBB.
17. Exortamos nossas comunidades e lideranças a lançarem mão
destes valiosos instrumentos, a fim de que participem conscientemente das
eleições e assegurem a unidade em meio às diferenças próprias do sistema
democrática.
18. Merecem nosso apoio e incentivo, ainda, campanhas como a
que estimula os jovens a exercerem responsavelmente deu direito de vota já a
partir dos 16 anos.
19. Para o cristão, participar da vida política do município e do
país é viver o mandamento da caridade como real serviço aos irmãos, conforme
disse o PAPA PAULO VI: "A política é uma maneira exigente de viver o
compromisso cristão ao serviço dos outros" (Octogesima Adveniens, 46). Só assim,
seremos "fermento que leveda toda a massa" (G1 5,9)
20. Que Nossa Senhora Aparecida abençoes
o povo brasileiro e ilumine candidatos e eleitores no exigente caminho da
verdadeira política.